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Exportações devem cair 20% em 2009
O fato de a crise econômica mundial prejudicar mais os países desenvolvidos que o Brasil pode ser uma boa chance para empresas nacionais, avalia Raul Calfat, presidente da Votorantim Industrial.
Lilian Cunha
O fato de a crise econômica mundial prejudicar mais os países desenvolvidos que o Brasil pode ser uma boa chance para empresas nacionais, avalia Raul Calfat, presidente da Votorantim Industrial. "Muitas empresas fora do país vão passar por maus pedaços. Terão que vender ativos ou até passar o controle para terceiros. Então, essa é uma oportunidade para empresas brasileiras iniciarem seu crescimento no exterior", disse o executivo ontem, durante o painel "CEO"s - Nós Acreditamos no Brasil", promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef SP).
No evento, nove presidentes de empresas foram chamados para mostrar suas visões sobre o atual momento econômico e o futuro do país. Calfat, um dos convidados, disse que a redução do IPI para automóveis e eletrodomésticos de linha branca adotada temporariamente pelo governo federal "pode e deve continuar". "A redução desse tributo vem impulsionando a demanda por aço em nossas fábricas", afirmou.
A desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada no dia 30 de março, segundo o diretor-geral da empresa, também já mostra reflexos positivos na cadeia produtiva. "Nos primeiros quatro meses do ano, a demanda por cimento cresceu 1,8% em volume. Pode parecer inexpressivo, mas é bem melhor que uma queda."
Cláudio Galeazzi, presidente do grupo Pão de Açúcar, presente ao painel, também revelou resultados positivos ligados à redução de IPI. "Na financeira do grupo (que é uma parceria com o Itaú), temos expedido de 120 mil a 130 mil cartões por mês desde o começo do ano", disse ele, lembrando que boa parte das compras são de itens como eletrodomésticos. "Mantivemos as mesmas condições de crédito de antes da crise, sem alterações e o resultado tem sido muito bom. Até taxa de inadimplência tem se mantido estável, em 2%", afirmou.
Rubens Batista, presidente da rede atacadista Makro também expôs um posicionamento favorável. As vendas da rede, segundo ele, cresceram em volume 13% de janeiro a abril em relação ao mesmo período de 2008. "No início do ano passado o preço das commodities estava em disparada. O feijão, por exemplo, estava custando R$ 6,00. Agora está em R$ 2, 00 o quilo. As condições agora estão bem melhores", afirmou o executivo, que prevê crescimento de 10% a 15% para o Makro até o fim do ano. Para isso, a empresa vai abrir 10 novas lojas
Marcos De Marchi, presidente da Rhodia, também espera dias melhores ainda este ano. Ele explicou que, quando a crise estourou, os clientes da Rhodia brecaram as compras para queimar o que tinham em estoque. Essa matéria-prima estocada, entretanto, custou bem mais que o preço atual. "Os preços caíram por conta do petróleo. Na Rhodia, tem produto com queda de até 50%. Se tudo continuar como está, a expectativa é boa. Não é para soltar fogos, mas queda de preço de matéria-prima sempre gera boas expectativa."
Durante o evento, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles fez uma rápida aparição, sem participar do painel de discussões. Fernando Alves, presidente da PricewaterhouseCoopers, Pedro Melo, da KPMG, Ricardo Pelegrini, da IBM, Britaldo Pedrosa Soares, da AES Eletropaulo, e Stéphane Engelhard, da Accor, também participaram do encontro.