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Prazo mais longo de pagamento neutraliza alta do juro na parcela
Com apenas uma prestação adicional, valor da mensalidade cai 7,2%, segundo simulação feita pelo Santander
O milagre de esticar a renda e fazer com que mais prestações se encaixem no orçamento, apesar da alta dos juros, tem nome: prazo longo de financiamento. Uma simulação feita pela economista do banco Santander Luiza Rodrigues demonstra que é possível anular a alta do juros ampliando em apenas um mês o prazo do financiamento.
Para demonstrar esse mecanismo, Luiza usou dados reais do Relatório de Crédito do Banco Central (BC) e tomou como exemplo a compra de um televisor de LCD por R$ 2 mil.
Em março, antes da alta da taxa básica que ocorreu em abril, quando os juros médios mensais eram de 1,8%, a prestação da TV financiada em 12 vezes era de R$ 186,80. Até janeiro 2011, se a Selic subir para 13% ao ano ou 2,1% ao mês, a mesma TV financiada em 12 vezes terá parcela de R$ 190,28 ou 1,86% maior.
Nas contas de Luiza, com essa nova taxa de juros de 2,1% ao mês e um prazo de financiamento de 13 meses, é possível ter uma prestação até menor do que os planos de financiamentos anteriores. A nova prestação no plano em 13 vezes é de R$ 176,40. Esse valor é 7,2% menor em relação à prestação de R$ 190,28 do financiamento com juros mais elevados e 5,6% abaixo da mensalidade cobrada antes da elevação dos juros ( R$ 186,80).
"O prazo mais longo neutraliza o aperto monetário e a venda de TVs pode até aumentar", diz a economista. Ela pondera, no entanto, que o prazo maior pode comprometer o orçamento nos meses subsequentes à compra.
Em maio, o prazo médio das operações de crédito para pessoa física era de 515 dias, de acordo com os últimos dados do BC. No mês anterior, estava em 509 dias. "A confiança na economia faz aumentar o prazo. Mas, exceto nos imóveis, não vejo espaço para alargamento excessivo", observa Luiza.
Bráulio Borges, economista- chefe da LCA Consultores, também considera que atualmente a alta dos juros está sendo neutralizada pelo aumento do prazo. Também nos seus cálculos, baseados nos dados do BC, o aumento de um ponto porcentual nos juros cobrados dos empréstimos para pessoa física, seria necessário um aumento no prazo médio de 22 dias corridos, a fim de manter o comprometimento mensal da renda.
Cálculos
R$ 186,80
é o valor da prestação de uma TV parcelada 12 vezes antes da alta dos juros
R$ 176,40
é o valor da parcela de uma TV financiada em 13 vezes depois da elevação da taxa de juros