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Inflação de agosto traz alta

Pressão dos transportes e dos alimentos eleva o IPCA-15, que antecipa o índice do mês, para 0,39%, depois de 0,33% em julho

Fonte: Correio Braziliense

Pressão dos transportes e dos alimentos eleva o IPCA-15, que antecipa o índice do mês, para 0,39%, depois de 0,33% em julho

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem a prévia da inflação de agosto, que ficou acima da expectativa dos analistas de mercado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) fechou em 0,39%. Em julho, ficou em 0,33%. A aposta do mercado para agosto era de 0,36% em média. O IPCA-15 é levantado entre o dia 15 de um mês e o dia 15 do mês seguinte. Antecipa, portanto, o IPCA do mês cheio.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 5,37%, também acima dos 5,24% registrados nos 12 meses até julho. Afasta-se do centro da meta de inflação do governo, de 4,5% pelo IPCA. Isso coloca dúvidas, segundo analistas, sobre a disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter os cortes na taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses.

Segundo o IBGE, os principais vilões dos preços neste mês foram os grupos Transportes e Alimentação e Bebidas. O primeiro havia registrado queda de 0,59% em julho e, em agosto, apresentou estabilidade. O movimento no período veio do valor dos automóveis novos (-2,47% para 0,04%) e passagens de ônibus interestaduais (1,49% para 3,40%). Analistas já esperavam que esse segmento parasse de ajudar no indicador de inflação pelo fim do efeito das recentes reduções feitas pelo governo nas alíquotas do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para o setor automotivo.

O grupo Alimentação e Bebidas, embora tenha desacelerado de 0,88% em julho para 0,76% em agosto, ficou com a maior alta entre os componentes no IPCA-15 deste mês. Produtos agrícolas não processados tiveram os maiores reajustes. O economista Thiago Curado, da Consultoria Tendências, destaca que os preços dos alimentos devem continuar chamando a atenção nos próximos meses, principalmente diante da quebra das safras de soja e de milho nos Estados Unidos. "Isso deve ser repassado em setembro e outubro via preços de carnes", disse ele.

O resultado do IPCA-15 confirma a aceleração nos preços nas últimas semanas, como já vinham sinalizando vários indicadores de inflação. Entre eles, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que registrou alta de 1,38% na segunda prévia de agosto, em comparação com 1,11% no mesmo período de julho.

» Dúvidas sobre os juros

A recente pressão sobre os preços está deixando parte dos agentes econômicos em alerta quando o assunto é mais cortes, a médio prazo, na taxa básica de juros. Para a próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente, as apostas continuam de que a Selic, hoje em 8% ao ano, será reduzida para 7,5%. Sobre os passos seguintes, porém, o mercado se mostra dividido. Há quem aposte em mais uma redução de 0,25 ponto percentual em outubro, o que levaria a taxa básica de juros a 7,25%, e outros que apostam em estabilidade.